Alien Perdido

Descobriu as nossas belezas naturais, descobriu o fascínio da religião e a bebida. Se identificou com o nosso líder cristão quando em alguma passagem em nossos arquivos, leu que esse líder foi aos céus e voltou. Ao mesmo tempo que achou interessante a sua longa jornada, sentiu um pouco de medo e culpa quando passou pelo trecho que falava sobre o fim dos tempos.
Foi assim, então, que ele conheceu a bebida e se encantou de verdade. Se sentiu um Alien livre de verdade, o mundo parecia se transformar diante dele a cada novo gole, se sentia o viajante mais poderoso de toda galáxia, falava alto com seus companheiros, às vezes até cuspia, queria fazer baderna nos bares locais, e o pior de tudo, infringindo a lei mais rígida das agências de turismos interplanetárias, que diz que nunca sob qualquer hipótese ou pressão o passageiro extra-terreno se misture ao povo local na sua aparência natural.

Às vezes, bêbado e meio agressivo ficava perguntando a quem passasse por ele:
" – E quando ele me criou, hein??? No 8º dia? No 16º ? Me diga!! Ahn!!?"

Entregue aos prazeres terrenos, o viajante do espaço foi deixado para trás pelos seus companheiros que não o agüentaram por muito tempo. E ele só reparou que estava sozinho quando seu nível alcoólico baixou.

Pobre Alien...


[Tinta Acrílica sobre Canson - 19 x 39 cm]